I - O que levamos
As expectativas em torno do desconhecido, este estranho de nós mesmos. No fundo está tudo dentro de nós, é só despertar no encontro. No fundo era nisso que pensava enquanto ia pra esse desconhecido, pra Amazônia que povoa nosso imaginário: pulmão do mundo. Levando um pouco de Minas, na rapadura na mala, e a alma de mineiro, quieto e desconfiado. A espreita dos acontecimentos como quem sabe que sua hora vai chegar. Plantando sempre e esperando a colheita. Minério nos pulmões. Medo nos corações. Turbulência de cidade em des-envolvimento, sim, ao passo que crescemos, estamos ficando mais distantes. Levava principalmente a poesia nossa de cada dia, sustentada em nossa regionalidade, o frio na barriga de levar essa cria nossa pra tão longe, será que ela vai ser aceita, entendida, compreendida?
II - O que trouxemos
Vigor. A experiência na Amazônia, única. A grandeza das florestas e dos rios, inimagináveis no nosso contexto. A grandiosidade de um Brasil que são muitos. Trouxemos a força de uma juventude que começa a se assumir como protagonista de sua história. O sorriso e o carinho de crianças sem medo de gente ou bicho, que enfrenta com valentia os desafios de viver cercados pela floresta. A sabedoria dos mais velhos que conduzem os jovens na experiência da descoberta de pertencimento à terra. A doçura e ao mesmo tempo força das mulheres da comunidade, guerreiras das lutas sol a sol. A beleza das marcas e traços dos povos da floresta. As amizades construídas ou fortalecidas: Andrey, irmão cósmico, Isaura, Ana, Tati e Léo, timão! A certeza de no Sudeste estarmos privilegiados e ao mesmo tempo tão atrasados, com preocupações mais estéticas que poéticas, no sentido real da poesia como trabalho. E, sobretudo a certeza de que nossa poesia chegou ao coração do povo amazonense. Missão cumprida!
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